segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

A Terra Prometida


"Caro Lord Rothschild,

"Tenho o grande prazer de endereçar a V. Sa., em nome do governo de Sua Majestade, a seguinte declaração de simpatia quanto às aspirações sionistas, declaração submetida ao gabinente e por ele aprovada:

`O governo de Sua Majestade encara favoravelmente o estabelecimento, na Palestina, de um Lar Nacional para o Povo Judeu, e empregará todos os seus esforços no sentido de facilitar a realização desse objetivo, entendendo-se claramente que nada será feito que possa atentar contra os direitos civis e religiosos das coletividades não-judaicas existentes na Palestina, nem contra os direitos e o estatuto político de que gozam os judeus em qualquer outro país.´

"Desde já, declaro-me extremamente grato a V. Sa. pela gentileza de encaminhar esta declaração ao conhecimento da Federação Sionista.

"Arthur James Balfour." (Fonte)

Na semana passada, a Palestina foi reconhecida como estado observador das Nações Unidas. O status de Estado observador, semelhante ao do Vaticano, não garante direito a voto e fica logo aquém do reconhecimento pleno, que transformaria a Palestina no 194º membro da organização. Imediatamente, o governo de Israel desafiou a votação da ONU, autorizando a construção de milhares de casas (assentamentos) para seus colonos na Cisjordânia ocupada e em Jerusalém Oriental.

Durante as últimas 6 ou 7 décadas, o problema Palestino tem ocupado os noticiários internacionais, sendo, como se cuida, um dos maiores empecilhos para a paz mundial, uma vez que está ligado à formação de organizações terroristas que lutam pela causa palestina. Este tema aparentemente foge aos propósitos deste blog, que tem por objetivo estudar a Bíblia. No entanto, como o problema envolve a nação de Israel, é impossível a Igreja fugir do assunto, que está diretamente ligado a muitas profecias Bíblicas. Eu não tenho intenção de discutir a fundo a política deste problema, uma vez que isto exigiria um conhecimento de causa que eu não tenho. Vou me limitar a uma breve revisão de alguns dos principais acontecimentos do século XX ligados à questão e apresentar algumas profecias sobre o futuro da Palestina. Alerto que a leitura vai ser enfadonha para quem não se interessa por esta história, e superficial demais para os que se interessam profundamente. Mas serve como ponto de partida para os que quiserem saber mais.

Os judeus foram expulsos de Jerusalém pelos romanos após revoltas judaicas em 70 d. C. e 135 d. C. Foram os romanos que deram o nome de Palestina à terra de Israel. Ao longo dos séculos seguintes, a terra foi disputada por bizantinos, europeus e árabes muçulmanos, mas sempre houve habitantes judeus na região. A partir do século XIX, os judeus da Europa começaram a organizer o movimento Sionista, que visava estabelecer um lar para os judeus na Palestina. A carta transcrita no início deste post, conhecida como Declaração de Balfour, foi escrita em 2 de novembro de 1917 pelo então secretário britânico dos Assuntos Estrangeiros, Arthur James Balfour, e enviada ao Lord Rothschild, presidente na Federação Sionista Britânica, sobre sua vontade de conceder ao povo judeu uma facilitação de povoação da Terra onde hoje é Israel caso a Inglaterra conseguisse derrotar o Império Otomano, que, até então, dominava aquela região.

Com a derrota dos turcos/otomanos na Primeira Guerra Mundial (1914-1918), a Palestina foi colocada sob controle britânico, através de mandato recebido da Liga das Nações, em 1922. Mais de duas décadas depois, as atrocidades cometidas pelos nazistas contra os judeus durante a Segunda Guerra Mundial chamaram a atenção do Ocidente para a antiga reivindicação sionista de criação de um Estado judeu. Em fevereiro de 1947, a Inglaterra decidiu levar a questão à recentemente criada Organização das Nações Unidas (ONU). Naquele ano, a Palestina tinha uma população de 1 milhão e 300 mil palestinos e 600 mil judeus.

Em 29 de Novembro de 1947, o representante brasileiro Osvaldo Aranha presidiu a primeira Sessão Especial da Assembléia Geral da ONU, depois de atuar fortemente em favor da aprovação de uma partilha da Palestina em um Estado judeu e um Estado árabe, que afinal foi obtida, por 33 votos a favor, 13 contra e 10 abstenções. O plano previa que 53% do território seria entregue aos judeus e 47% aos árabes, conforme a Fig. 1 abaixo, mantendo Jerusalém como zona internacional.


Fig. 1: Plano de repartição da Palestina (ONU, 1947). (Fonte)

Em 14 de maio de 1948, à meia-noite, quando terminou oficialmente o mandato britânico da Palestina, David Ben-Gurion declarou a Independência do Estado de Israel, reconhecida imediatamente pela União Soviética e pelos Estados Unidos. Os Estados árabes vizinhos, que contestavam a criação de Israel, decidiram intervir e os exércitos do Egito, Iraque, Líbano, Síria e Transjordânia entraram na Palestina. A guerra de 1948-49 foi vencida pelos israelenses, que ampliaram o seu domínio por uma área de 20 mil km², incluindo parte de Jerusalém (ver Fig. 2, abaixo). O território restante foi ocupado pela Jordânia, que anexou a Cisjordânia, e pelo Egito, que ocupou a Faixa de Gaza. 900 mil palestinos abandonaram as áreas incorporadas por Israel e se espalharam pelo Oriente Médio.

 
 Fig. 2: Resultado da guerra de 1948-49. (Fonte)
 
Em 1967, tensões na fronteira levaram à guerra dos seis dias, em que Israel derrotou as forças reunidas do Egito, da Síria e da Jordânia e rapidamente tomou a Faixa de Gaza, a península do Sinai, as colinas de Golã e todo o território jordaniano a oeste do rio Jordão, retomando pleno controle de Jerusalém. Em 1979 foi assinado um tratado de paz prevendo a devolução do Sinai ao Egito, em uma série de etapas que terminariam em 1982, conforme a Fig. 3, abaixo. Em troca, o Egito reconheceu a soberania de Israel.


Fig. 3: Resultado da guerra dos seis dias e do acordo com o Egito. (Fonte) 

Em 1987 foi criado na cidade de Gaza o Hamas, um movimento de resistência islâmica na Palestina, que inclui uma entidade filantrópica, um partido político e um braço armado, cuja carta de princípios defende a eliminação de Israel. Hoje, grande parte da imprensa internacional defende que Israel deve se retirar de todas as regiões anexadas e retornar aos territórios estabelecidos pela ONU em 1947. Pessoalmente, acho ingênuo acreditar que isto traria paz ao Oriente Médio, uma vez que as nações vizinhas já tentaram destruir Israel mesmo na época em que estes ocupavam apenas as terras entregues pela ONU. O Hamas tem como objetivo a destruição do Estado de Israel e não irá parar enquanto não atingir este alvo (veja aqui o que diz um famoso ex-membro do Hamas, convertido ao Cristianismo, e veja aqui as declarações recentes do líder do Hamas). Além disso, a devolução de territórios conquistados em guerras é assunto complicado e, certamente, muitas outras nações em todos os continentes estão "devendo" terras a alguém. Como eu mencionei anteriormente, não vou discutir o que é politicamente correto nesta história. Não defendo atrocidades que possam ter sido cometidas por Israel, mas eles têm o direito de defender seu Estado. A pergunta é justamente esta, qual é o estado de Israel? Qual é a extensão das terras que lhes pertencem por direito?

Neste ponto, entrego a resposta para esta pergunta a Deus e não à ONU. Este não é um território neutro, é a Terra prometida por Deus a Abraão e à sua descendência e “em Isaque será chamada a tua descendência” (Gn 21:12), o mesmo sendo repetido a Isaque (Gn 26:3) e a Jacó (Gn 35:12), ou seja, Israel. A extensão da terra prometida é mencionada em Gn 15:18:

“Naquele mesmo dia fez o Senhor uma aliança com Abrão, dizendo: à tua descendência tenho dado esta terra, desde o rio do Egito até ao grande rio Eufrates;”

Os detalhes das fronteiras da terra são dados em outros textos, como Nm 34:1-12. Não é fácil delimitar com precisão a terra com base nos marcos da época, e vários autores têm proposto diferentes mapas para ilustrar a região. Seja qual for a extensão exata, parece não ser muito diferente do que foi no Reino de Davi e Salomão (ver mapa na Fig. 4, abaixo), quando Deus deu descanso a Israel (I Re 4:21).

 
Fig. 4: Reino de Israel nos tempos de Davi e Salomão. (Fonte)
 
Conforme comentei no post “O Israel de Deus”, pode parecer injusto com os árabes o fato de Israel repetidamente retornar à terra e tomá-la de suas mãos. Independentemente do que parece, o fato é que isto irá acontecer e eventualmente a terra será toda dos judeus, pois Deus a deu a eles por estatuto perpétuo (Gn 13:15, Gn 17:8). Não sou a favor de que Israel simplesmente invada terras alheias hoje, mas no futuro, de alguma maneira, Deus irá dar a terra a eles. Enquanto isso, Ele pode usar diversos meios, seja a ONU, guerras, ou mesmo a intervenção de homens sem temor a Deus e suas organizações e sociedades com fins diversos. Certamente as profecias se cumprirão.

“Porque Israel e Judá não foram abandonados do seu Deus, do Senhor dos Exércitos, ainda que a sua terra esteja cheia de culpas contra o Santo de Israel.”, Jr 51:5

Isso tudo pode parecer um discurso anti-árabe e intolerante. Não é. Não tenho uma gota de sangue judeu e a Bíblia nos ensina a amar a todos, indiscriminadamente; diante de Deus, nenhum indivíduo é melhor que outro só porque tem sangue judeu ou não. Mas, como nação, Deus escolheu Israel como sua propriedade particular dentre as nações, sua menina dos olhos (Zc 2:8), e sua escolha é irrevogável (leia Rm 11). Os judeus estão sofrendo por consequência de seu ódio a Jesus e precisam se arrepender. Será preciso uma Grande Tribulação para que eles finalmente reconheçam que Jesus é o seu Messias. Quando isto acontecer,

“todo o Israel será salvo, como está escrito: De Sião virá o Libertador, E desviará de Jacó as impiedades. E esta será a minha aliança com eles, Quando eu tirar os seus pecados. Assim que, quanto ao evangelho, são inimigos por causa de vós; mas, quanto à eleição, amados por causa dos pais.” Rm 11:26b-28

Até então, eles serão trazidos de volta à terra como incrédulos, assim como foi predito (leia Ezequiel 20:33-38; 22:17-22).


“Orai pela paz de Jerusalém; prosperarão aqueles que te amam.”, Sl 122:6

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Vídeo blog: Deus criou o universo sozinho?

Deus criou o universo sozinho ou teve ajuda de alguém? Vamos comentar a posição dos Cristãos sobre isto e como esta se compara com o ensino dos Testemunhas de Jeová (e do arianismo em geral) sobre Jesus.

Post relacionado: Testemunhas de Jeová ou de Jesus?

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

sábado, 1 de setembro de 2012

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Evolução II

Fig. 1 - Fragmentos de mandíbula KNM-ER 60000. Fonte: Leakey et al., Nature 488, 201 (2012)

Hoje eu estava lendo um artigo no Estado de S. Paulo sobre a descoberta recente de fósseis de supostos hominídeos no Quênia. A descoberta, publicada na revista Nature, a mais importante publicação científica do mundo, sugere que a árvore evolutiva do ser humano seria mais complexa do que se pensava. Até aí tudo bem. Não acredito que o homem evoluiu dos primatas, mas concordo que a enorme maioria dos biólogos pensa assim. O que me chamou a atenção no artigo foi a seguinte frase do jornalista:

"Desta forma, este crânio se transformou em um enigma para os paleontólogos e abriu um debate sobre se, no começo da evolução humana, houve uma ou duas espécies de Homo além do já conhecido Homo erectus, que originaram o de Neandertal e Homo sapiens."

Esta frase parece sugerir que os cientistas consideram que o Homo erectus foi certamente um ancestral do Homo sapiens (ser humano). Isto está em clara contradição com afirmações que eu postei em 2011 no artigo "Evolução", baseado em informações que obtive no Museu de História Natural de Londres em 2009. Como as coisas no meio científico "evoluem" rapidamente, tratei de checar o artigo da Nature (disponível só para assinantes) para ver se minhas informações anteriores estavam ultrapassadas. O artigo de Leakey e outros, intitulado "New fossils from Koobi Fora in northern Kenya confirm taxonomic diversity in early Homo", Nature 488, 201 (2012), descreve uma coleção de maxilares e partes de crânios de primatas classificados como hominídeos com datação de aproximadamente 2 milhões de anos atrás. A descoberta é comentada na Nature de hoje no artigo "Palaeoanthropology: facing up to complexity", Nature 488, 162 (2012), de Bernard Wood. Como eu imaginei, nenhum dos artigos menciona que os hominídeos encontrados sejam ancestrais do homo sapiens. Só lembrando, os outros hominídeos são considerados parentes do homo sapiens, mas não necessariamente ancestrais. A maioria dos cientistas hoje acredita que exista algum (ou alguns) ancestral comum entre os grupos de hominídeos, o(s) elo(s) perdido(s), ainda não encontrado(s). Note a figura abaixo, extraída do artigo de Wood, onde uma tentativa de montagem de árvore evolutiva é apresentada.



Fig. 2 - Árvore evolutiva até os humanos. Fonte: B. Wood, Nature 488, 162 (2012).



A direção vertical na figura representa o tempo, crescendo de baixo pra cima até chegar ao homo sapiens. As linhas azuis representam a linhagem evolutiva de cada um dos diferentes hominídeos. Note que as linhas não estão interligadas, significando que o Homo sapiens não evoluiu do Homo neanderthalensis, este não evoluiu do Homo heidelbergensis, etc e nenhum deles evoluiu do Homo erectus. No mínimo, existem dúvidas fortes o bastante sobre as ligações entre estas espécies para manter os ramos separados. Wood faz o seguinte comentário sobre esta figura:

"As novas descobertas fósseis de Leakey e seus colegas fortalecem a proposta de pelo menos duas linhagens evolutivas nos estágios primordiais do gênero (Homo), das quais as espécies Homo habilis e Homo rudolfensis fazem parte. Entretanto, permanece incerto se qualquer destas duas linhagens foi realmente ancestral do Homo erectus, que dirá dos humanos modernos."

Esta frase não só coloca em dúvida a ligação dos fósseis mais antigos com o Homo erectus como questiona a ligação entre Homo erectus e Homo sapiens. Para confirmar que os pesquisadores não tem tanta certeza sobre a evolução humana quanto a imprensa de massa quer fazer crer, Wood termina o artigo com a seguinte frase:

"Minha previsão é que por volta de 2064, 100 anos após Leakey e seus colegas terem descrito o Homo habilis, os pesquisadores irão considerar nossas hipóteses atuais sobre esta fase da evolução humana como extremamente simplista."

Conclusão: cuidado com a mídia de massa, a evolução do homem a partir de primatas permanece um mistério. E eu mantenho minhas conclusões do artigo anterior sobre Evolução.

p.s. Em seu livro "Evolução", Richard Dawkins comenta como os paleoantropólogos estão divididos quanto à interpretação dos fósseis de hominídeos. Alguns acham que o homo erectus é ancestral direto do homem e outros acham que não.

p.s. Mais atualizações sobre este assunto no post: Evolução III: Observatório da imprensa


segunda-feira, 30 de julho de 2012

Vídeo blog: A letra mata?

Está escrito na Bíblia que "a letra mata", então, como acredito no que está escrito na Bíblia, não devo estudá-la?

sábado, 21 de julho de 2012

Vídeo blog: Redenção

Jesus pagou o preço ao diabo ou a Deus? Ou, o que há de errado com as Crônicas de Nárnia?

terça-feira, 26 de junho de 2012

Vídeo blog: Uma fé morta, Parte 2/2


Por que Tiago discorda de Paulo em Tiago 2:14-22? Afinal, pode a fé salvar-nos?

Este vídeo refere-se ao post: Uma fé morta

Vídeo blog: Uma fé morta, Parte 1/2


Por que Tiago discorda de Paulo em Tiago 2:14-22? Afinal, pode a fé salvar-nos?

Este vídeo refere-se ao post: Uma fé morta

Vídeo blog: Perda da salvação


Uma vez salvo, sempre salvo? E quanto àquelas passagens da Bíblia que falam sobre perda da salvação?

Este vídeo refere-se ao post: Perda da salvação

sexta-feira, 22 de junho de 2012

Vídeo blog: Suficiência de Cristo, Parte 2/2


O sacrifício de Cristo é suficiente para nos salvar ou precisamos cooperar por meio de nossas obras?

Este vídeo refere-se aos posts Suficiência de Cristo e Faça ou feito, deste blog.

Vídeo blog: Suficiência de Cristo, Parte 1/2


O sacrifício de Cristo é suficiente para nos salvar ou precisamos cooperar por meio de nossas obras?

Este vídeo refere-se aos posts Suficiência de Cristo e Faça ou feito, deste blog.

Vídeo blog: Inclusivismo


É possível ser salvo sem conhecer Jesus ou ouvir o evangelho?

Este vídeo refere-se aos posts Alargando a porta estreita e inclusivismo deste blog.

terça-feira, 29 de maio de 2012

A Festa dos Tabernáculos


"O anti-Cristo ajunta todos os exércitos das nações do mundo, guerreia contra os Filhos de Israel e mata de Israel milhares de milhares...e Israel retornará com o Messias... (Armilus) ajuntará os exércitos de todas as nações do mundo e eles enfrentarão o Rei Messias e Israel. E o Santo, bendito seja Ele, lutará por Israel e dirá ao Messias: 'Assenta-te à minha destra'. E o Messias dirá a Israel, 'Ajuntai-vos e vede a salvação do Senhor.' ", The Messiah texts (Raphael Patai, Wayne State University, 1979)
Engana-se quem pensa que foram os Cristãos dispensacionalistas que criaram a doutrina do pré-milenismo no século XIX. O texto acima mostra que os judeus ortodoxos são pré-milenistas, ou seja, creem que o Messias virá ao final da tribulação inaugurar o Reino de Deus na terra, após destruir o anti-Cristo. Os judeus também o chamam de Armilus, um deus persa do mal. Os Rabinos dizem que o Messias "com a palavra de Seus lábios irá matar o perverso Armilus". Eles calcularam os sete últimos anos da profecia das Setenta Semanas de Daniel 9:23-27 da mesma maneira que os dispensacionalistas têm feito por séculos. Dizem os Rabinos: "Por sete anos se ajuntarão grandes exércitos...à terra de Israel...As coisas chegarão a tal ponto que as pessoas irão perder as esperanças. Isto durará sete anos. Então, inesperadamente, o Messias virá. O Messias se erguerá sobre Israel, conquistará o inimigo e ajuntará os exilados de Israel em Jerusalém e reconstruirá Jerusalém."
Este Reino de Deus é o tempo da restauração do reino a Israel, conforme os discípulos perguntaram a Jesus (At 2:6). Note que Jesus não insinua que as profecias sobre Seu Reino não teriam cumprimento literal, apenas responde que "Não vos pertence saber os tempos". Estes são "os tempos do refrigério pela presença do Senhor" (At 3:19) e os tempos "da restauração de tudo" (At 3:21), quando "O lobo e o cordeiro se apascentarão juntos, e o leão comerá palha como o boi; e pó será a comida da serpente. Não farão mal nem dano algum em todo o meu santo monte, diz o Senhor.", Is 65:25. Este é o período de mil anos de reinado de Cristo, mencionado em Ap 20:4.
Não sabemos exatamente tudo o que será restaurado a Israel neste tempo. Mas uma coisa sabemos: a Festa dos Tabernáculos será celebrada.
"E acontecerá que, todos os que restarem de todas as nações que vieram contra Jerusalém, subirão de ano em ano para adorar o Rei, o Senhor dos Exércitos, e para celebrarem a festa dos tabernáculos. E acontecerá que, se alguma das famílias da terra não subir a Jerusalém, para adorar o Rei, o Senhor dos Exércitos, não virá sobre ela a chuva. ", Zc 14:16-17
A Festa dos Tabernáculos é a sétima e última festa do calendário judaico, sendo celebrada após a colheita de outono durante 7 dias a partir do dia 15 de Tisri, 5 dias após o Dia da Expiação. Durante este período eram sacrificados 14 carneiros, 98 cordeiros, 70 novilhos e 7 bodes (Nm 29:12-38). Ao contrário do Dia da Expiação, onde os judeus deviam afligir a alma, na Festa dos Tabernáculos eles deviam se alegrar:
"E no primeiro dia tomareis para vós ramos de formosas árvores, ramos de palmeiras, ramos de árvores frondosas, e salgueiros de ribeiras; e vos alegrareis perante o Senhor vosso Deus por sete dias.", Lv 23:40
Além de colher ramos de árvores, os judeus deviam habitar em tendas durante os 7 dias (Lv 23:42) para se lembrarem de que habitaram em tendas no Êxodo. O sétimo dia da festa é conhecido como Hoshana Rabba, ou "Salve-nos nas alturas".
Durante o Novo Testamento fica claro que os judeus sabiam que a Festa dos Tabernáculos se cumpre profeticamente com o estabelecimento do Reino de Deus na terra. Durante a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém, Jo 12:12-13 relata como as pessoas tomaram ramos de palmeiras, além de clamarem "Hosana nas alturas" (Mt 21:9), que é o Hoshana Rabba da Festa dos Tabernáculos. Eles não entendiam que as festas da Páscoa (morte do Messias), pães ázimos (corpo de Cristo), primícias (ressurreição), pentecostes (batismo do Espírito Santo), trombetas (reunião dos santos de Israel nos últimos tempos) e Dia da Expiação (Grande Tribulação) ainda precisavam se cumprir antes da restauração do Reino Teocrático. No calendário judaico, a Festa dos Tabernáculos é um tempo de alegria que sucede as aflições do Dia da Expiação. Similarmente, o Reino Milenar será uma era de alegria que se seguirá à Grande Tribulação. 

Considero o cumprimento das festas judaicas como um forte argumento para a defesa do pré-milenismo, em comparação com o amilenismo e o pós-milenismo. Em posts futuros, pretendo explorar mais a diferença entre cada posição.
Postscript:
Nos tempos de Cristo, durante a Festa dos Tabernáculos os sacerdotes tinham a prática de pegar água no tanque de Siloé (o mesmo que Jesus usou para curar o cego - Jo 9:6-7) e levar em jarros de ouro até o templo durante os 7 dias da festa. Eles subiam o monte do templo cantando os Salmos 120 a 134 e, ao chegar lá, subiam a rampa do altar de sacrifício e derramavam a água nos sulcos por onde escorria o sangue. Os Rabinos ensinavam que isto era um símbolo do derramamento do Espírito Santo que deveria preceder a vinda do Messias. Enquanto isso, os castiçais de ouro de 23 metros de altura do templo eram acesos. Cada castiçal tinha 4 copos de ouro e sua luz podia ser vista de toda a Jerusalém. É neste contexto, no último dia da Festa, que Jesus pronuncia:
"E no último dia, o grande dia da festa, Jesus pôs-se em pé, e clamou, dizendo: Se alguém tem sede, venha a mim, e beba. Quem crê em mim, como diz a Escritura, rios de água viva correrão do seu ventre. E isto disse ele do Espírito que haviam de receber os que nele cressem", Jo 7:37-39a
E ainda:
"Falou-lhes, pois, Jesus outra vez, dizendo: Eu sou a luz do mundo; quem me segue não andará em trevas, mas terá a luz da vida.", Jo 8:12
As águas vivas que correm do altar simbolizam o Espírito Santo, que é uma dádiva a todo aquele que crê no Messias. E aquele que o recebe não está em trevas, mas tem a luz da vida. E sua luz pode ser vista por todos.

sábado, 28 de abril de 2012

O Reino de Deus


Eu sou adepto da teologia da prosperidade. Dá uma olhada neste texto:

"E vós, filhos de Sião, regozijai-vos e alegrai-vos no Senhor vosso Deus, porque ele vos dará em justa medida a chuva temporã...E as eiras se encherão de trigo, e os lagares transbordarão de mosto e de azeite...E comereis abundantemente e vos fartareis", Jl 2:23-26

ou então este:

“...porque a abundância do mar se tornará a ti, e as riquezas dos gentios virão a ti. A multidão de camelos te cobrirá, os dromedários de Midiã e Efá; todos virão de Sabá; ouro e incenso trarão, e publicarão os louvores do Senhor.”, Is. 60:5-6

A diferença é que a teologia da prosperidade Bíblica, ao contrário da sua versão mais popular presente nas rádios e tv's gospel, tem seu cumprimento não aqui e agora, mas no futuro Reino de Deus na Terra. Esses e outros textos referem-se a um período em que Deus restaurará a glória da nação de Israel (veja O Israel de Deus). O estabelecimento de um reino Teocrático de prosperidade sempre foi o plano de Deus para Seu povo, Israel:

"O cetro não se arredará de Judá, nem o legislador dentre seus pés, até que venha Siló; e a ele se congregarão os povos.", Gn 49:10

"E vós me sereis um reino sacerdotal e o povo santo.", Ex 19:6a

O Reino de Israel era o Reino de Deus em sua forma inicial, um início do governo de Deus sobre o mundo que, se os judeus tivessem sido obedientes, teria se estendido até que viesse o Rei (Siló) e todas as nações tivessem sido trazidas sob sua influência e sujeição. Nesse governo de Deus (Teocracia), a obediência era imposta pela força,  a desobediência punida com a morte e homens governavam sob a palavra de profetas, que falavam como se fossem o próprio Deus. Note os textos:

"E ele falará por ti ao povo; e acontecerá que ele te será por boca, e tu lhe serás por Deus", Ex 4:16 (Moisés é Deus sobre Arão)

"ENTÃO disse o Senhor a Moisés: Eis que te tenho posto por deus sobre Faraó, e Arão, teu irmão, será o teu profeta.", Ex 7:1 (Moisés é Deus sobre Faraó)

Sabemos que o Reino de Davi e sua descendência é o Reino de Deus na terra:

"E, de todos os meus filhos..., escolheu ele o meu filho Salomão para se assentar no trono do reino do Senhor sobre Israel.", I Cr 28:5

Alguns teólogos preferem espiritualizar as profecias sobre a restauração do Reino de Israel, aplicando-as simbolicamente à Igreja. Tais teólogos usam uma interpretação literal e histórica com relação às profecias sobre a primeira vinda de Cristo, mas inexplicavelmente adotam uma teologia de alegorias com relação às profecias sobre Sua segunda vinda. E deliberadamente ignoram o cumprimento das profecias sobre a restauração da nação de Israel que ocorre diante de seus próprios olhos. Eles dizem que o Reino de Deus se cumpre com Jesus reinando em nossos corações. Para se ter uma idéia da inconsistência desta forma de pensar, considere a mensagem do anjo Gabriel a Maria:

"E eis que em teu ventre conceberás e darás à luz um filho, e pôr-lhe-ás o nome de Jesus. Este será grande, e será chamado filho do Altíssimo; e o Senhor Deus lhe dará o trono de Davi, seu pai", Lc 1:31-32

Como Maria deveria interpretar as palavras do anjo?

"E eis que em teu ventre conceberás e darás à luz um filho" - literalmente;

"pôr-lhe-ás o nome de Jesus" - literalmente;

"Este será grande, e será chamado filho do Altíssimo" - literalmente;

"e o Senhor Deus lhe dará o trono de Davi, seu pai" - literalmente ou simbolicamente?! Onde é o trono de Davi? Algum dia Davi reinou nos céus ou em nossos corações?!!

Eu prefiro tomar o texto como foi escrito, em vez de me arriscar a colocar palavras na boca de Deus. Os rabinos judeus concordam comigo, comentando sobre Sf 3:20:

"As nações pagãs, em meio às quais os israelitas dispersos estão vivendo, irão trazê-los de volta à sua terra como uma oferta a Deus em reconhecimento ao Seu reinado sobre toda a terra...[Nos sete anos de tribulação] as nações serão purificadas pelo juízo Divino.", (comentário hebraico Soncino, de Gênesis a Malaquias)

Outro erro que costuma-se cometer é dizer que nos evangelhos "Reino de Deus" significa o reino de Israel e "Reino dos céus" significa a Igreja. Os rabinos afirmam que os dois termos se referem à mesma coisa, ou seja, o Messias reinando em Jerusalém. Comprove você mesmo que isto é verdade, comparando as seguintes passagens, onde as duas expressões são usadas para se referir à mesma coisa (Mt 5:3 e Lc 6:20; Mt 11:11 e Lc7:28; Mt 13:24 e Mc 4:26; Mt 19:23 e Mt 19:24). Muito importante também é notar que Paulo diz que o reino celestial será após a segunda vinda de Cristo: II Tm 4:1 e 4:18. Existem algumas parábolas de Jesus que parecem falar sobre o reino dos céus como sendo o tempo em que vivemos hoje, mas isto não exclui o cumprimento literal, no futuro, das profecias sobre o Reino. Portanto, o fato de Cristo estar hoje à destra de Deus e estarmos vivendo a nova aliança não significa que ele já assumiu o Trono de Davi.

Por fim, sabemos que um memorial importante do judaismo será restaurado no Reino: A Festa dos Tabernáculos:

"E acontecerá que, todos os que restarem de todas as nações que vieram contra Jerusalém, subirão de ano em ano para adorar o Rei, o Senhor dos Exércitos, e para celebrarem a festa dos tabernáculos. E acontecerá que, se alguma das famílias da terra não subir a Jerusalém, para adorar o Rei, o Senhor dos Exércitos, não virá sobre ela a chuva.", Zc 14:16-17

Continua...

sábado, 24 de março de 2012

Yom Kippur

Há alguns anos, o falecido David Wilkerson pregou um sermão poderoso intitulado "Um chamado para a angústia", onde convocava os verdadeiros cristãos a despertarem do seu estado de letargia e deixarem-se consumir pelo sentimento de angústia que vem do Espírito do Senhor. Angústia pelos pecados da sociedade e da Igreja. Um chamado ao sofrimento e arrependimento. A verdadeira conversão passa por um sentimento de sofrimento e aflição, marcado,  nos tempos do Velho Testamento, por servos de Deus rasgando suas vestes, vestindo-se de panos de saco e lançando cinzas sobre a cabeça. Nem todos sabem, mas a aflição da alma era um mandamento de Deus para Israel. É exatamente sobre isto que trata a sexta festa do calendário judaico, o Yom Kippur, ou Dia da Expiação.

O Yom Kippur é o dia mais sagrado do ano para os judeus, quando deve haver introspecção pessoal e arrependimento, além de expiação pelos pecados da nação. Kippur, ou expiação, significa "cobrir" ou "reconciliar", segundo o dicionário Strong. Quando um animal era sacrificado pelos pecados de alguém, seu sangue era derramado para cobrir simbolicamente os pecados da pessoa e fazer sua reconciliação com Deus

"Porque a vida da carne está no sangue; pelo que vo-lo tenho dado sobre o altar, para fazer expiação pelas vossas almas; porquanto é o sangue que fará expiação pela alma.", Lv 17:11

O Yom Kippur é a segunda festa do outono, sendo celebrada no dia 10 de Tishri, logo após a Festa das Trombetas, que serve como uma santa convocação e chamado ao arrependimento, como preparação para o Dia da Expiação. Este, por sua vez, é um dia de perdão que serve como preparação espiritual para a festa seguinte, a Festa dos Tabernáculos. O Yom Kippur é descrito no livro de Levítico:

"Mas aos dez dias desse sétimo mês será o dia da expiação; tereis santa convocação, e afligireis as vossas almas; e oferecereis oferta queimada ao Senhor. E naquele mesmo dia nenhum trabalho fareis, porque é o dia da expiação, para fazer expiação por vós perante o Senhor vosso Deus...Sábado de descanso vos será; então afligireis as vossas almas", Lv 23:27-28, 32a

Note a ênfase em "afligir a alma". Alguns judeus hoje vão além do mandamento de afligir a alma e afligem o próprio corpo com açoites. Mas, tipicamente o costume é se abster de comer e beber, bem como de relações sexuais e outros prazeres. Era somente neste dia do ano que o sumo sacerdote podia entrar no "Santo dos Santos", a parte mais interna do Tabernáculo, onde ficava a arca da aliança, representando a presença de Deus no meio do povo. Lá, ele deveria oferecer o sangue por expiação de seus pecados e do povo para fazer reconciliação com Deus por mais um ano. O ritual completo da festa é descrito em Levítico 16:1-34. Veja que para os judeus o termo "festa" não tem necessariamente o sentido de um tempo de alegria, como na nossa cultura. Neste caso, era um dia de angústia e sofrimento.

Jesus foi afligido para expiar nossos pecados, como escreveu o profeta Isaías, mais de 700 anos antes de Cristo:

"Verdadeiramente ele tomou sobre si as nossas enfermidades, e as nossas dores levou sobre si; e nós o reputávamos por aflito, ferido de Deus, e oprimido. Mas ele foi ferido por causa das nossas transgressões, e moído por causa das nossas iniqüidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados.", Is 53:4-5

"Ele foi oprimido e afligido, mas não abriu a sua boca...", Is 53:7a

"Todavia, ao Senhor agradou moê-lo, fazendo-o enfermar; quando a sua alma se puser por expiação do pecado.", Is 53:10

"...mas ele levou sobre si o pecado de muitos, e intercedeu pelos transgressores.", Is 53:12b

Numa tentativa de negar a clara conexão desta profecia com Jesus, os rabinos dizem que os textos acima referem-se à nação de Israel, e não ao Messias. No entanto, em nenhum lugar diz-se que Israel sofreu para expiar os nossos pecados. Uma nação com pecados não pode expiar pecados de outros. Isto simplismente não funciona.

Yom Kippur possui um sentido profético ligado à expiação dos pecados de Israel quando eles reconhecerem o sacrifício do Messias. O Messias permanecerá no céu até Israel se converter, como diz o "Leão de Judá" no livro de Oséias:

"Irei e voltarei ao meu lugar, até que se reconheçam culpados e busquem a minha face; estando eles angustiados, de madrugada me buscarão.", Os 5:15

Aqueles que estão mais acostumados ao estudo das profecias, sabem que isto ocorrerá ao final da chamada "Grande Tribulação", um período de sete anos de aflição que culmina com a batalha do vale do Armagedom, ou Megido. Esta batalha termina com a volta do Messias para estabelecer Seu Reino na Terra. O profeta Zacarias descreve estes eventos assim (mais de 500 anos antes de Cristo):

"E acontecerá naquele dia, que procurarei destruir todas as nações que vierem contra Jerusalém; Mas sobre a casa de Davi, e sobre os habitantes de Jerusalém, derramarei o Espírito de graça e de súplicas; e olharão para mim, a quem traspassaram; e pranteá-lo-ão sobre ele, como quem pranteia pelo filho unigênito; e chorarão amargamente por ele, como se chora amargamente pelo primogênito. Naquele dia será grande o pranto em Jerusalém, como o pranto de Hadade-Rimom no vale de Megido.", Zc 12:9-11

Jesus também falou da aflição de Israel naqueles dias:

"E, logo depois da aflição daqueles dias, o sol escurecerá, e a lua não dará a sua luz, e as estrelas cairão do céu, e as potências dos céus serão abaladas. Então aparecerá no céu o sinal do Filho do homem; e todas as tribos da terra se lamentarão, e verão o Filho do homem, vindo sobre as nuvens do céu, com poder e grande glória.", Mt 24:29-30

O ajuntamento final dos judeus em sua terra (Festa das Trombetas) e a sua aflição e arrependimento ao final da Grande Tribulação (Dia da Expiação) levará à conversão e purificação da nação de Israel. A festa do Yom Kippur é concluída com um longo toque da trombeta shofar. A seguir, vem o próximo grande evento na história da humanidade, a Festa dos Tabernáculos.


sábado, 4 de fevereiro de 2012

As Festas do SENHOR - Parte 3

Já escrevi um pouco sobre as quatro festas judaicas celebradas durante a primavera. A páscoa, que celebra a morte do cordeiro para salvar os que creram na Palavra de Deus, e se cumpre com a crucificação de Jesus; os pães ázimos, primícias e pentecostes, que são festas ligadas às colheitas e que representam, respectivamente, o corpo de Cristo entregue por nós, sua ressurreição e a descida do Espírito Santo na inauguração da Nova Aliança. Estas quatro festas já se cumpriram. As próximas três, celebradas no outono em Israel, encontram seu cumprimento ainda no futuro.

As profecias são, em geral, entregues em linguagem simbólica e, portanto, costumam ser difíceis de interpretar. Muitas vezes, a própria Bíblia apresenta a interpretação, o que facilita a nossa vida. No caso das festas judaicas, isso não acontece. Em nenhum lugar do Velho Testamento encontramos a interpretação do sentido das festas, embora não seja tão difícil concluir o significado de algumas delas. De qualquer jeito, toda palavra profética serve como alerta aos que esperam seu cumprimento e, também, como prova da veracidade do profeta assim que a profecia se cumpre. Então, é sempre mais fácil olhar para as profecias já cumpridas e se admirar com a revelação de Deus do que entender o significado daquelas que ainda hão de se cumprir. Tendo dito isto, vou tentar explicar o significado das festas de outono, já sabendo que  estou sujeito a erros nesta tarefa.

Festa das Trombetas

"Fala aos filhos de Israel, dizendo: No mês sétimo, ao primeiro do mês, tereis descanso, memorial com sonido de trombetas, santa convocação. Nenhum trabalho servil fareis, mas oferecereis oferta queimada ao Senhor.", Lv 23:24-25

O mês sétimo dos judeus é chamado de Tishri, e corresponde a um período entre setembro e outubro em nosso calendário. A Festa das Trombetas é também chamada de Rosh Hashanah (início do ano), por marcar o ano novo civil (o ano novo cerimonial começa no mês de Nisan. Adicione 3761 ao ano do calendário Cristão e você obtém o ano no calendário judaico, iniciado em Rosh Hashanah). A trombeta mencionada é o famoso Shofar, que na cultura judaica atual é feito com o chifre de um animal "limpo", mas não bovino, pois o chifre bovino lembraria o fatídico bezerro de ouro de Êxodo 32. Em geral, é usado o chifre de um carneiro (trombetas feitas de chifre bovino são chamadas de keren, não shofar). Neste dia, eram oferecidos os sacrifícios descritos em Nm 29:2-5 e toda a Lei de Moisés era lida para o povo, como fez Esdras desde o amanhecer até o meio dia (Nee 8:1-12).

Na Bíblia, o toque do shofar costuma estar ligado a um chamado solene, uma convocação das tribos de Israel, em geral, para santificação:

"Tocai a trombeta em Sião, santificai um jejum, convocai uma assembléia solene.", Jl 2:15

Na tradição rabínica, o som do shofar tem vários significados, incluindo:

1) Chamado ao arrependimento;

2) Anuncia 10 dias de penitência para que cada um garanta que seu nome será inscrito no Livro dos Justos (ou da Vida) no Dia da Expiação, para que possam permanecer vivos por mais 1 ano.

3) Simboliza o ajuntamento dos judeus em Israel quando o Messias vier;

Os judeus têm um ritual curioso ligado a esta festa. Baseados em Miquéias 7:19, "e tu lançarás todos os seus pecados nas profundezas do mar", eles vão a um rio, lago ou praia e simbolicamente esvaziam seus bolsos na água, simbolizando Deus lançando fora os seus pecados. Na Idade Média, na época da Peste Negra, muitos europeus viram este ato como prova de que os judeus estavam envenenando a água, o que levou à violência contra comunidades judaicas.

De volta à Bíblia, existe somente um verso profético no Velho Testamento ligado ao shofar:

"E será naquele dia que se tocará uma grande trombeta, e os que andavam perdidos pela terra da Assíria, e os que foram desterrados para a terra do Egito, tornarão a vir, e adorarão ao Senhor no monte santo em Jerusalém.", Is 27:13

Um dia, uma grande trombeta será tocada e a nação de Israel se ajuntará na terra prometida uma última vez. Para os judeus, a Festa das Trombetas significa este retorno final à terra. No Novo Testamento, Jesus também falou sobre a trombeta anunciando o ajuntamento do Seu povo:

"E ele enviará os seus anjos com rijo clamor de trombeta, os quais ajuntarão os seus escolhidos desde os quatro ventos, de uma à outra extremidade dos céus.", Mt 24:31

No contexto de Mateus 24, este é um ajuntamento dos eleitos de Deus pouco antes da Segunda Vinda de Cristo para inaugurar Seu Reino na terra.

Judeus crentes e outros acreditam que a festa das Trombetas representa a trombeta que ouviremos no arrebatamento da Igreja:

"Num momento, num abrir e fechar de olhos, ante a última trombeta; porque a trombeta soará, e os mortos ressuscitarão incorruptíveis, e nós seremos transformados.", I Co 15:52

"Porque o mesmo Senhor descerá do céu com alarido, e com voz de arcanjo, e com a trombeta de Deus; e os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro. Depois nós, os que ficarmos vivos, seremos arrebatados juntamente com eles nas nuvens, a encontrar o Senhor nos ares, e assim estaremos sempre com o Senhor.", I Ts 4:16-17

Então, a Festa das trombetas simboliza Deus ajuntando seus escolhidos para estarem com Ele para sempre. Existe uma divergência sobre o significado específico da festa. Uns acham que a última trombeta representa o ajuntamento de Israel para habitar seguro na terra prometida; outros acham que representa o ajuntamento dos santos da Igreja para encontrarem-se com o Senhor nos ares. Ainda outros acham que a trombeta refere-se a ambos os eventos, que ocorrem antes da vinda de Cristo. Mas está claro que a festa simboliza a reunião dos santos com o Messias no fim dos tempos. Pessoalmente, creio que o contexto em que a festa foi estabelecida sugere uma aplicação mais para Israel como nação. Sendo assim, Israel será ajuntado após a última trombeta soar. Mas para que possa entrar no Reino de Deus, é necessário que a nação se converta, o que só acontecerá após eles entenderem o significado do Dia da Expiação.

sábado, 21 de janeiro de 2012

É você

Este mês estou na Suécia, trabalhando, então vou fazer uma pausa na série sobre festas judaicas. Uma coisa que chama a atenção imediatamente quando se chega na Suécia é o nível sócio-cultural. Estocolmo é linda, limpíssima, seus prédios históricos estão por toda parte, com nível impecável de conservação; não se vê pessoas pobres. Que os suecos são educados não é novidade pra ninguém; o que surpreende é que até os cachorros são educados. Sério! Eles andam por toda parte, muito bem vestidos, nunca latem, não se estranham, não fazem xixi nos postes, andam nos ônibus, nos shopping centers, em todo lugar (veja você mesmo). No vôo de Nova York para Estocolmo tinha uma senhora que levou o cachorro no avião. Numa caixa no colo! E eu não ouvi um latido sequer durante as 8 horas de viagem. Dizem que o Brasil já é a sexta economia do mundo, mas se você quiser saber como estamos distantes do primeiro mundo, visite a Suécia.

Ok, pra que todo este papo? O que isto tem a ver com religião? Bom, é que uma das coisas que dão desespero é a dificuldade em se encontrar uma boa igreja por aqui. Os suecos não ligam pra religião. Não tem muita gente que acredita em Deus por aqui (somente 23% da população sueca acredita em Deus, de acordo com a Wikipedia). Quando os colegas da Universidade me perguntaram o que eu ia fazer no fim de semana e eu disse que ia pra igreja, eles me perguntaram "e você conseguiu encontrar alguma?!". E mesmo sem Deus eles têm uma qualidade de vida aparentemente tão boa. Os suecos são ricos, saudáveis, simpáticos, educados e bem sucedidos (pelo menos esta é a primeira impressão). Sua sociedade funciona "perfeitamente", não tem violência nem corrupção na política e tem o menor índice de drogados da Europa (fonte). Então, pra que precisariam de Deus? Veja bem, o que as nossas igrejas andam pregando como se fosse cristianismo, eles já tem. Se Jesus veio para nos trazer saúde e prosperidade, então parece que os ateus têm feito um trabalho melhor. É só comparar o nível sócio-econômico do nosso país cristão com o deles, que isto fica claro. Não adianta dizer pra eles que Jesus vai melhorar suas vidas, eles já têm o que querem. O que eles não têm é o que verdadeiramente precisam, a vida eterna.

O ateísmo está em alta no primeiro mundo. Usei a Suécia só como exemplo, mas poderia ser outro país qualquer na Europa. No meio acadêmico é vergonha alguém dizer que é cristão, a não ser que você seja um daqueles cristãos "esclarecidos" que não acreditam em nada de sobrenatural que é mencionado na Bíblia. Muitos jovens que vão pra faculdade ficam atormentados com a pressão intelectual e acabam flertando com o ateísmo. O caminho para o abandono da fé geralmente passa pela teoria da evolução (ela de novo). Afinal de contas, se as pessoas mais inteligentes do mundo são atéias, provavelmente é porque Deus não existe. "Eu não quero ser identificado com os ignorantes, manipulados e fanáticos cristãos". Preferem, então, se convencer de que não passam de um monte de carne, ossos e pulsos elétricos, que apareceram aqui por acidente. "Eu não passo de uma coisa que vai acabar. E não existe juízo eterno!"

Muitas pessoas apenas repetem o que os apóstolos do ateísmo dizem, como se eles fossem autoridade no assunto. Mas neste assunto, não adianta transferir a responsabilidade para outra pessoa. É VOCÊ, é você quem tem que dar a resposta. Existem muitas pessoas mais cultas e inteligentes do que eu e você, que não acreditam em Deus e existem outras que acreditam. Mas no Dia do Juízo, não vai adiantar dizer:

"Senhor, eu te rejeitei porque Einstein não acreditava em Ti".

Ele responderá:

"Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno", Mt 25:41

As evidências que você tem da verdade são suficientes,

"Têm Moisés e os profetas; ouçam-nos.", Lc 16:29

mas você só vai crer se parar de resistir o Espírito Santo.

"Homens de dura cerviz, e incircuncisos de coração e ouvido, vós sempre resistis ao Espírito Santo; assim vós sois como vossos pais", At 7:51


p. s. Só pra não ficar a impressão de que a sociedade sueca é perfeita, eles têm a maior taxa de divórcio do mundo (fonte) e uma alta taxa de suicídio (fonte).

"Pois, que aproveitaria ao homem ganhar todo o mundo e perder a sua alma?", Mc 8:36