segunda-feira, 24 de agosto de 2009

A suficiência de Cristo

Tendo concluído que fé em Jesus é condição necessária para a salvação, resta-nos saber se esta condição é também suficiente. Em outras palavras, precisamos crer em Cristo para sermos salvos, mas basta crer ou algo mais é necessário? A maioria das pessoas acredita que a salvação é uma cooperação entre Deus e os homens. "Jesus fez Sua parte na cruz, agora temos que fazer a nossa", é o que dizem. O que envolve a nossa parte varia de acordo com a religião: alguns afirmam ser necessário cumprir uma série de sacramentos: batismo, confissão, eucaristia, etc. Além dos sacramentos, a caridade teria papel importante no destino das almas e alguns incluiriam o culto aos santos. Muitos ensinam que uma pessoa nunca pode estar absolutamente certa de sua salvação, pois você deve sempre estar se esforçando para merecer a salvação. Outros ensinam que você pode estar 100% salvo em um dado momento, mas pode perder esta salvação se cair em pecado. De um jeito ou de outro, a segurança da salvação residiria em uma combinação de fé e obras. Parte de sua confiança é depositada em Cristo, parte em seus próprios esforços, sem os quais você está perdido. É possível afirmar que este é o ensino prevalente nas chamadas igrejas cristãs no Brasil hoje em dia, sejam elas católicas romanas ou evangélicas, apesar de haver claras variações no ensino de cada igreja.

Uma questão surge naturalmente neste contexto: quantas boas obras eu tenho que praticar para merecer a salvação? Ou, quantos pecados preciso cometer para perdê-la? A igreja de Roma lidou com este problema definindo dois tipos de pecados: pecados mortais e pecados veniais. Note os seguintes parágrafos, extraídos do Catecismo da Igreja Católica:

§1862
"Comete-se um pecado venial quando não se observa, em matéria leve, a medida prescrita pela lei moral, ou então quando se desobedece à lei moral em matéria grave, mas sem pleno conhecimento ou sem pleno consentimento."

§1863
"O pecado venial enfraquece a caridade; traduz uma afeição desordenada pelos bens criados; impede o progresso da alma no exercício das virtudes e a prática do bem moral; merece penas temporais."

§1874
"Escolher deliberadamente, isto é, sabendo e querendo, uma coisa gravemente contrária à lei divina e ao fim último do homem é cometer pecado mortal. Este destrói em nós a caridade, sem a qual é impossível a bem-aventurança eterna. Caso não haja arrependimento, o pecado mortal acarreta a morte eterna."

§1861
"O pecado mortal é uma possibilidade radical da liberdade humana, como o próprio amor. Acarreta a perda da caridade e a privação da graça santificante, isto é, do estado de graça. Se este estado não for recuperado mediante o arrependimento e o perdão de Deus, causa a exclusão do Reino de Cristo e a morte eterna no inferno"

§1856
"O pecado mortal, atacando em nós o princípio vital, que é a caridade, exige uma nova iniciativa da misericórdia de Deus e uma conversão do coração, que se realiza normalmente no sacramento da Reconciliação"

Note a semelhança das frases acima com o ensino de algumas igrejas evangélicas que crêem na possibilidade de perda da salvação. Mas, o que diz a Bíblia sobre isso? É possível perder a graça de Deus? Se isso acontecer, é possível se reconverter para receber a vida eterna novamente?

Se tomarmos como padrão a Lei de Deus, Tg 2:10 diz: "Porque qualquer que guardar toda a lei, e tropeçar em um só ponto, tornou-se culpado de todos." Culpado de todos no sentido de ser considerado transgressor da Lei. Qualquer pecado que cometemos é suficiente para nos lembrar de quem realmente somos: pecadores. Nosso problema não é a quantidade ou gravidade dos pecados que praticamos. Nosso problema é que somos pecadores, e isso basta para nos afastar de Deus. Em nenhum lugar das Escrituras está escrito que podemos apagar pecados com boas obras. A única coisa que apaga nossos pecados é o sangue de Cristo. É isso que a Bíblia chama de propiciação, que será assunto de outro post.

O tema da segurança dos salvos é amplo e polêmico, e devo tratar mais sobre ele em outros posts. Por hora, deixo apenas 1 texto bíblico para meditação:

Rm 4:3-8 - "Pois, que diz a Escritura? Creu Abraão a Deus, e isso lhe foi imputado como justiça. Ora, àquele que faz qualquer obra não lhe é imputado o galardão segundo a graça, mas segundo a dívida. Mas, àquele que não pratica, mas crê naquele que justifica o ímpio, a sua fé lhe é imputada como justiça. Assim também Davi declara bem-aventurado o homem a quem Deus imputa a justiça sem as obras, dizendo: Bem-aventurados aqueles cujas maldades são perdoadas, E cujos pecados são cobertos. Bem-aventurado o homem a quem o Senhor não imputa o pecado."

O texto é claro. Se você crer, será justificado diante de Deus, mesmo sem obras. Essa promessa não é só para quem pecar pouco, mas para os ímpios (do grego asebes: irreverentes, perversos, sem Deus). Suas maldades (Gr. anomia: perversidades, transgressões da Lei, iniqüidades) são perdoadas. Deus justifica o ímpio se ele crer. Nenhum pecado lhe é imputado. Está puro, santo, sem dívida nenhuma para com Deus. Por quê? Só porque creu.

Isso nos dá uma licença para pecar?

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Inclusivismo

Continuando o assunto do último "post" deste blog, eu gostaria de dar um pouco mais de atenção ao inclusivismo, ou seja, a doutrina de que apesar de a salvação ter-se tornado possível por Jesus Cristo, não é necessário conhecer Jesus ou o que Ele fez para ser salvo. Assim, a salvação poderia ser encontrada no Budismo, Hiduismo, Islamismo, etc. Isso pressupõe que o deus (ou, pelo menos, o deus supremo) destas religiões é o mesmo Deus da Bíblia. Mas quem é o Deus da Bíblia? Ele se revelou como o "Deus de Abraão, Isaque e Jacó" (Ex. 3:6). Em certo ponto da história, aprouve a Deus revelar-se ao mundo por meio da nação de Israel, como disse Jesus à mulher samaritana:

Jo 4:22 - "Vós adorais o que não sabeis; nós adoramos o que sabemos porque a salvação vem dos judeus."

Qual é o sentido de Ex 20:3 - "Não terás outros deuses diante de mim", se não sabemos a diferença entre Deus e os deuses pagãos? O Deus de Israel, que até os judeus, em sua maioria, rejeitam, é aquele que é Pai de Jesus Cristo, que é em "forma de Deus" e "igual a Deus" (Fp 2:6, Jo 1:1) e em quem "habita corporalmente toda a plenitude da divindade" (Cl 2:9). Esse mesmo Deus enviou Seu Filho para ser punido na cruz por nossos pecados. Se seu deus não fez isso, ele não é Deus.

Mc 14:61-62 - "...O sumo sacerdote lhe tornou a perguntar, e disse-lhe: És tu o Cristo, Filho do Deus Bendito? E Jesus disse-lhe: Eu o sou, e vereis o Filho do homem assentado à direita do poder de Deus, e vindo sobre as nuvens do céu."

Os pagãos precisam conhecer esse Deus para serem salvos. Como o Dr. Mal Couch costuma dizer, "Deus é 100% soberano e o homem é 100% responsável" (ver http://scofieldministries.blogspot.com/). Ele mesmo admite que não consegue entender isso, mas é o que a Bíblia proclama de Gênesis a Apocalipse. Conforme Paulo coloca em Romanos 1, os homens são responsáveis por verem Deus na natureza, mas essa revelação só serve para condená-los, uma vez que nenhum homem se conforma com os padrões morais de Deus. A conclusão?

Rm 3:10-12 - "Como está escrito: Não há um justo, nem um sequer. Não há ninguém que entenda; Não há ninguém que busque a Deus. Todos se extraviaram, e juntamente se fizeram inúteis. Não há quem faça o bem, não há nem um só."

Não somos juízes das almas, apenas comunicamos a sentença já determinada pelo Juiz. A humanidade está separada de Deus e não quer segui-lo. São mortos que precisam nascer de novo. Se o Espírito Santo de Deus não intervier por meio da pregação do Evangelho de Cristo, o homem não pode fazer nada.

Rm 10:17 - "De sorte que a fé é pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de Deus."
I Co 1:21 - "Visto como na sabedoria de Deus o mundo não conheceu a Deus pela sua sabedoria, aprouve a Deus salvar os crentes pela loucura da pregação."

Não existe plano B, é fé em Jesus ou nada:

Jo 11:25-26 - "Disse-lhe Jesus: Eu sou a ressurreição e a vida; quem crê em mim, ainda que esteja morto, viverá; E todo aquele que vive, e crê em mim, nunca morrerá. Crês tu isto?"

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Alargando a porta estreita

Uma vez convencidos de que Cristo morreu pra nos salvar, o que mais é necessário para chegarmos ao Céu? Sua morte é suficiente para salvar a todos? A salvação é uma obra de Deus, do homem ou uma colaboração entre Deus e o homem? Uma vez salvo, salvo para sempre? Estas e outras questões ligadas à Soteriologia (estudo da doutrina da salvação) têm sido motivo de calorosas discussões no meio cristão há séculos. Nosso objetivo neste blog não é entrar em detalhes teológicos, mas expor as respostas Bíblicas para dúvidas básicas e de importância fundamental.

Primeramente, não basta crer que Jesus salva, mas é importante ter convicção de que só Cristo salva:

Jo. 14:6 - "Disse-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim."
At. 4:12 - "E em nenhum outro há salvação, porque também debaixo do céu nenhum outro nome há, dado entre os homens, pelo qual devamos ser salvos."

O cristianismo é exclusivista por natureza. Não existe salvação em nenhuma outra crença. Este é um fato que não podemos negligenciar, mesmo sob o risco de perdermos a simpatia dos outros. Minha esposa e eu tivemos uma vizinha que sofria com problemas de depressão e solidão. Fomos visitá-la algumas vezes para confortá-la e falar sobre Jesus. Ela não gostava de ouvir sobre Jesus e sempre dizia que estava lendo o alcorão e considerando a possibilidade de se tornar muçulmana. Certa vez, a convidamos para um passeio junto com alguns amigos da igreja. Ela reclamou o tempo todo e no final, quando estava sendo levada de carona para casa começou a falar mal do cristianismo. Tive que interrompê-la para mostrar, com amor, que a salvação era somente por Jesus. Ela disse que eu deveria dizer isso aos mais de 1 bilhão de muçulmanos que existem no mundo. Retruquei que sentimos muito por eles, pois estão indo para o inferno. Ela ficou quieta. Confesso que não tenho dom pra evangelismo, mas as pessoas precisam saber para onde estão indo após a morte, os cristãos sabem a resposta e têm vergonha de comunicar (na maioria das vezes, eu me incluo como alvo desta exortação). Não existe meio termo, é Jesus ou nada:

Jo. 3:18 - "Quem crê nele não é condenado; mas quem não crê já está condenado, porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus."

Mas, alguém dirá: "como então se salvam aqueles que nunca ouviram falar de Jesus?" Por não se satisfazerem com a resposta Bíblica para esta pergunta, os chamados "inclusivistas" crêem que Deus vai salvar os "bons" de todas as religiões. Os "universalistas" dizem que todos irão ser salvos, pois Cristo morreu por todos. Basta ler o texto acima (Jo. 3:18) e também Jo. 3:16 para saber que somente os que crerem em Jesus serão salvos. Não nos compete alterar as Escrituras para torná-las mais facilmente aceitáveis. O que acontece com os que não ouviram o evangelho?

Rm 10:13-14 - "Porque todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo. Como, pois, invocarão aquele em quem não creram? e como crerão naquele de quem não ouviram? e como ouvirão, se não há quem pregue?"

A conclusão lógica é que todos os povos pagãos estão perdidos, pois não invocaram aquele em quem não creram. Injusto? Não, um juiz nunca é injusto por condenar criminosos (mais sobre isto em um próximo post). Se não acreditarmos nesse fato, nunca mais mandaremos missionários para evangelizá-los. Melhor deixar que eles se salvem de outro jeito.