terça-feira, 29 de maio de 2012

A Festa dos Tabernáculos


"O anti-Cristo ajunta todos os exércitos das nações do mundo, guerreia contra os Filhos de Israel e mata de Israel milhares de milhares...e Israel retornará com o Messias... (Armilus) ajuntará os exércitos de todas as nações do mundo e eles enfrentarão o Rei Messias e Israel. E o Santo, bendito seja Ele, lutará por Israel e dirá ao Messias: 'Assenta-te à minha destra'. E o Messias dirá a Israel, 'Ajuntai-vos e vede a salvação do Senhor.' ", The Messiah texts (Raphael Patai, Wayne State University, 1979)
Engana-se quem pensa que foram os Cristãos dispensacionalistas que criaram a doutrina do pré-milenismo no século XIX. O texto acima mostra que os judeus ortodoxos são pré-milenistas, ou seja, creem que o Messias virá ao final da tribulação inaugurar o Reino de Deus na terra, após destruir o anti-Cristo. Os judeus também o chamam de Armilus, um deus persa do mal. Os Rabinos dizem que o Messias "com a palavra de Seus lábios irá matar o perverso Armilus". Eles calcularam os sete últimos anos da profecia das Setenta Semanas de Daniel 9:23-27 da mesma maneira que os dispensacionalistas têm feito por séculos. Dizem os Rabinos: "Por sete anos se ajuntarão grandes exércitos...à terra de Israel...As coisas chegarão a tal ponto que as pessoas irão perder as esperanças. Isto durará sete anos. Então, inesperadamente, o Messias virá. O Messias se erguerá sobre Israel, conquistará o inimigo e ajuntará os exilados de Israel em Jerusalém e reconstruirá Jerusalém."
Este Reino de Deus é o tempo da restauração do reino a Israel, conforme os discípulos perguntaram a Jesus (At 2:6). Note que Jesus não insinua que as profecias sobre Seu Reino não teriam cumprimento literal, apenas responde que "Não vos pertence saber os tempos". Estes são "os tempos do refrigério pela presença do Senhor" (At 3:19) e os tempos "da restauração de tudo" (At 3:21), quando "O lobo e o cordeiro se apascentarão juntos, e o leão comerá palha como o boi; e pó será a comida da serpente. Não farão mal nem dano algum em todo o meu santo monte, diz o Senhor.", Is 65:25. Este é o período de mil anos de reinado de Cristo, mencionado em Ap 20:4.
Não sabemos exatamente tudo o que será restaurado a Israel neste tempo. Mas uma coisa sabemos: a Festa dos Tabernáculos será celebrada.
"E acontecerá que, todos os que restarem de todas as nações que vieram contra Jerusalém, subirão de ano em ano para adorar o Rei, o Senhor dos Exércitos, e para celebrarem a festa dos tabernáculos. E acontecerá que, se alguma das famílias da terra não subir a Jerusalém, para adorar o Rei, o Senhor dos Exércitos, não virá sobre ela a chuva. ", Zc 14:16-17
A Festa dos Tabernáculos é a sétima e última festa do calendário judaico, sendo celebrada após a colheita de outono durante 7 dias a partir do dia 15 de Tisri, 5 dias após o Dia da Expiação. Durante este período eram sacrificados 14 carneiros, 98 cordeiros, 70 novilhos e 7 bodes (Nm 29:12-38). Ao contrário do Dia da Expiação, onde os judeus deviam afligir a alma, na Festa dos Tabernáculos eles deviam se alegrar:
"E no primeiro dia tomareis para vós ramos de formosas árvores, ramos de palmeiras, ramos de árvores frondosas, e salgueiros de ribeiras; e vos alegrareis perante o Senhor vosso Deus por sete dias.", Lv 23:40
Além de colher ramos de árvores, os judeus deviam habitar em tendas durante os 7 dias (Lv 23:42) para se lembrarem de que habitaram em tendas no Êxodo. O sétimo dia da festa é conhecido como Hoshana Rabba, ou "Salve-nos nas alturas".
Durante o Novo Testamento fica claro que os judeus sabiam que a Festa dos Tabernáculos se cumpre profeticamente com o estabelecimento do Reino de Deus na terra. Durante a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém, Jo 12:12-13 relata como as pessoas tomaram ramos de palmeiras, além de clamarem "Hosana nas alturas" (Mt 21:9), que é o Hoshana Rabba da Festa dos Tabernáculos. Eles não entendiam que as festas da Páscoa (morte do Messias), pães ázimos (corpo de Cristo), primícias (ressurreição), pentecostes (batismo do Espírito Santo), trombetas (reunião dos santos de Israel nos últimos tempos) e Dia da Expiação (Grande Tribulação) ainda precisavam se cumprir antes da restauração do Reino Teocrático. No calendário judaico, a Festa dos Tabernáculos é um tempo de alegria que sucede as aflições do Dia da Expiação. Similarmente, o Reino Milenar será uma era de alegria que se seguirá à Grande Tribulação. 

Considero o cumprimento das festas judaicas como um forte argumento para a defesa do pré-milenismo, em comparação com o amilenismo e o pós-milenismo. Em posts futuros, pretendo explorar mais a diferença entre cada posição.
Postscript:
Nos tempos de Cristo, durante a Festa dos Tabernáculos os sacerdotes tinham a prática de pegar água no tanque de Siloé (o mesmo que Jesus usou para curar o cego - Jo 9:6-7) e levar em jarros de ouro até o templo durante os 7 dias da festa. Eles subiam o monte do templo cantando os Salmos 120 a 134 e, ao chegar lá, subiam a rampa do altar de sacrifício e derramavam a água nos sulcos por onde escorria o sangue. Os Rabinos ensinavam que isto era um símbolo do derramamento do Espírito Santo que deveria preceder a vinda do Messias. Enquanto isso, os castiçais de ouro de 23 metros de altura do templo eram acesos. Cada castiçal tinha 4 copos de ouro e sua luz podia ser vista de toda a Jerusalém. É neste contexto, no último dia da Festa, que Jesus pronuncia:
"E no último dia, o grande dia da festa, Jesus pôs-se em pé, e clamou, dizendo: Se alguém tem sede, venha a mim, e beba. Quem crê em mim, como diz a Escritura, rios de água viva correrão do seu ventre. E isto disse ele do Espírito que haviam de receber os que nele cressem", Jo 7:37-39a
E ainda:
"Falou-lhes, pois, Jesus outra vez, dizendo: Eu sou a luz do mundo; quem me segue não andará em trevas, mas terá a luz da vida.", Jo 8:12
As águas vivas que correm do altar simbolizam o Espírito Santo, que é uma dádiva a todo aquele que crê no Messias. E aquele que o recebe não está em trevas, mas tem a luz da vida. E sua luz pode ser vista por todos.