O trecho a seguir é de uma notícia
publicada na edição online do Estado de S. Paulo de 11 de abril de 2013, intitulada "Detalhes de um ancestral humano":
“Seis trabalhos publicados na edição
desta semana da revista Science revelam novos detalhes
anatômicos e comportamentais (inferidos da anatomia) do hominídeo
Australopithecus sediba, uma espécie ancestral da linhagem
humana que viveu cerca de 2 milhões de anos atrás...Os
pesquisadores não sabem exatamente em que galho da árvore evolutiva
colocar a espécie, mas acreditam que o A. sediba foi mesmo
um ancestral direto do gênero Homo, que deu origem ao Homo
erectus, ao Homo neanderthalensis e a nós, Homo
sapiens.”
Quando o autor menciona “os
pesquisadores”, entenda-se o Dr. Lee Berger, paleoantropologista da
Universidade de Witwatersrand, Johannerburg, que foi quem descobriu
os fósseis. Ele e sua equipe “...acreditam que o A. sediba foi
mesmo um ancestral direto do gênero Homo”. O resto da comunidade
científica não está tão certa disto, como pode ser notado pelos
próprios artigos da Science, citados na matéria do Estado de S. Paulo. Como
exemplo, reproduzo abaixo dois parágrafos do artigo de Michael
Balter, Candidate
Human Ancestor From South Africa Sparks Praise and Debate, Science, 9April 2010, Vol. 328 no. 5975 pp. 154-155
“o grupo (liderado por Lee Berger)
diz que a nova espécie pode ser o melhor candidato conhecido para
ancestral imediato de nosso gênero, Homo. A última alegação é
forte e, no momento, poucos cientistas estão prontos a acreditar nisso.” (Ênfase minha)
“ 'Dada sua idade avançada e a
anatomia de Australopitecus, ele (o novo fóssil) contribui pouco
para o entendimento da origem do gênero Homo', diz (Tim) White
(paleoantropologista da Universidade da Califórnia, Berkeley).” (Ênfase minha)
Às vezes, a imprensa de massa omite alguns
detalhes das matérias científicas para facilitar a leitura pelo público leigo. Mas,
como dizem, “the devil is in the details...”