quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

As Festas do SENHOR - Parte 2

Continuando a série sobre as festas judaicas, vou completar aqui a descrição das festas celebradas na primavera. Tenha em mente que estas festas são um resumo do plano de redenção e contam a história do mundo até a consumação do Reino de Deus na terra. As três festas comentadas aqui já tiveram seu cumprimento profético após a primeira vinda de Cristo.

Festa dos Pães Ázimos

Como vimos no post anterior, a festa da páscoa simboliza a morte de Cristo, e tem seu cumprimento na sexta-feira da crucificação, no dia 15 de Nizan, conforme o calendário judaico. Este é também o primeiro dia da Festa dos Pães ázimos, uma celebração que dura sete dias:


“E aos quinze dias deste mês é a festa dos pães ázimos do Senhor; sete dias comereis pães ázimos.”, Lv 23:6

Os judeus são extremamente cuidadosos ao preparar os pães ázimos (sem fermento). O fermento simboliza o pecado e é necessário que seja eliminado das casas durante a festa. Qualquer grão que fermenta ao se decompor deve ser retirado das casas. Segundo a tradição, para não deixar a farinha fermentar, do tempo em que ela é amassada até o tempo de assar não podem passar mais de 18 min. Além disso, para desacelerar o processo de fermentação, usam água fria em vez de água quente e espetam a massa para sair o ar. Os seguintes grãos são considerados proibidos por fermentarem rapidamente: trigo, cevada, aveia, centeio e espelta.
A festa dos ázimos é como uma continuação da páscoa e relembra a saída do povo de Israel do Egito. Num sentido profético, representa o corpo de Cristo, que foi entregue sem pecados (sem fermento) e sepultado no dia 15 de Nizan para nos livrar da escravidão (Egito).
“Eu sou o pão vivo que desceu do céu; se alguém comer deste pão, viverá para sempre; e o pão que eu der é a minha carne, que eu darei pela vida do mundo.”, Jo 6:51
Festa das Primícias
Fala aos filhos de Israel, e dize-lhes: Quando houverdes entrado na terra, que vos hei de dar, e fizerdes a sua colheita, então trareis um molho das primícias da vossa sega ao sacerdote; E ele moverá o molho perante o Senhor, para que sejais aceitos; no dia seguinte ao sábado o sacerdote o moverá.”, Lv 23:10-11

Esta é uma festa anual da colheita de primavera. Um feixe com as primícias da colheita era entregue ao sacerdote e este o tomava em seus braços e o movia de um lado para o outro perante o Senhor no domingo seguinte à colheita. Mas, pra que isso? O sentido fica claro quando nos deparamos com o cumprimento profético da festa. Adivinhe em que dia foi celebrada a primeira festa das primícias após a morte de Cristo. Acertou quem falou “no domingo da ressurreição”. “Coincidentemente”, foi no dia desta festa que Jesus se moveu para fora do túmulo. Ele que é o grão que morreu para produzir muito fruto:
“E Jesus lhes respondeu, dizendo: É chegada a hora em que o Filho do homem há de ser glorificado. Na verdade, na verdade vos digo que, se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica ele só; mas se morrer, dá muito fruto.”, Jo 12:23-24
Ele é, também, as primícias dos que dormem:
“Mas de fato Cristo ressuscitou dentre os mortos, e foi feito as primícias dos que dormem. Porque assim como a morte veio por um homem, também a ressurreição dos mortos veio por um homem.”, I Co 15:20-21
Outras pessoas foram ressuscitadas antes de Jesus na Bíblia, mas todas elas tornaram a morrer. Jesus foi as primícias dos que dormem (morrem), ou seja, o primeiro a ressuscitar com um corpo glorificado e imortal.

Os Cristãos costumam celebrar a ressurreição de Cristo no domingo de páscoa. Mas na verdade, se fôssemos seguir o sentido das festas judaicas, deveríamos celebrar a páscoa na sexta-feira, em memória da Sua morte, e depois celebrar a festa das primícias no domingo, em memória de Sua ressurreição.

Festa das Semanas, Dia das Primícias ou Pentecostes

Sete semanas após o domingo de primícias era celebrada a festa das semanas, que em grego era chamada de pentecostes, que significa quinquagésimo, por ser celebrada no quinquagésimo dia após as primícias. Ela também é chamada de dia das primícias em Nm 28:26 (não confunda com festa das primícias, que é a festa anterior). Neste domingo de pentecostes, eram oferecidos dois pães com fermento, além dos sacrifícios:
“Das vossas habitações trareis dois pães de movimento; de duas dízimas de farinha serão, levedados se cozerão; primícias são ao Senhor... Então o sacerdote os moverá com o pão das primícias por oferta movida perante o Senhor, com os dois cordeiros; santos serão ao Senhor para uso do sacerdote.”, Lv 23:17,20

Por que desta vez os pães são levedados? E por que dois pães?

A resposta, mais uma vez, é percebida no cumprimento da profecia escondida por trás da festa. No quinquagésimo dia após a ressurreição de Cristo, o Espírito Santo veio sobre os discípulos no dia de Pentecostes e batizou-os, dando início ao corpo de Cristo, a Igreja. Neste dia, após a pregação de Pedro, 3000 pessoas se converteram. Estes são os primeiros frutos, ou primícias, da Nova Aliança (Tg 1:18), colhidos pelo Espírito Santo no dia das primícias. Os pães são levedados porque desta vez eles não representam o corpo físico de Cristo, mas sim o Seu corpo simbólico, a Igreja, formada de pecadores. Os dois pães provavelmente representam judeus e gentios, que são unidos em um só corpo na Igreja (I Co 12:13).
Uma curiosidade sobre o dia das primícias: Em Ex 32:28, quando Moisés desce do monte Horebe e encontra o povo adorando o bezerro de ouro, Deus ordena que os levitas matem os que se corromperam espiritualmente, e 3000 homens são mortos ao fio da espada. Três mil pessoas morreram quando a Lei foi dada na inauguração da Velha Aliança, ao passo que 3000 pessoas receberam a vida eterna quando o Espírito Santo foi dado na inauguração da Nova Aliança.

Fonte:  Mal Couch, "Messianic systematic theology of the Old Testament", Scofield Ministries